terça-feira, 28 de julho de 2009

O PROCESSO DE APRENDIZADO DA ESCRITA E OS SEUS PROBLEMAS.


O processo de construção da escrita pode apresentar problemas que impedem o desenvolvimento do aprendizado. Esses problemas são de ordem cognitiva e estão estritamente ligados ao desenvolvimento da criança. Estes problemas de compreensão são relacionados a fases de desenvolvimento descritas por Piaget. Emilia Ferreiro diz que é necessário compreender o modo de organização do pensamento e do aprendizado, de acordo com a faixa etária, variando de indivíduo para indivíduo. Ela se utiliza da teoria de Piaget e diz que as considerações feitas por este não são fixas, e que variam de acordo com o indivíduo.
Dentro dos problemas apresentados podemos destacar a dificuldade que a criança tem em identificar as letras devido as diferentes formas de grafia. Outro problema apresentado é a relação entre o todo e as partes. No início do processo de alfabetização a criança não consegue estabelecer esta relação e, portanto muitas delas identificam letras como silabas e silabas como letras.
Outro problema relatado por Ferreiro trata da dificuldade em associar a grafia com a quantificação de objetos (plural). A criança não consegue entender por que as quantidades são designadas apenas pelo grafema “s”. Para elas, quanto maior for à quantidade de objetos, maior deveria ser a quantidade de palavras. Além disso, a criança apresenta dificuldades fazer uma associação fonética entre as letras no momento da escrita.
A construção do conhecimento da escrita pela criança é um processo complexo. Este processo se dá em diferentes etapas, e é gradualmente desenvolvido conforme a eliminação de etapas anteriores. As fases são superadas de acordo com a capacidade da criança de organizar as letras, os números e a definir a função de cada sinal gráfico e os seus nomes. O ápice do processo de construção da escrita é alcançado quando a criança domina a interpretação subjetiva de textos. Nesta ultima fase, podemos dizer que a criança esta alfabetizada.
No entanto, para que esse processo seja autêntico, e o aprendizado consistente, a criança precisa cumprir todas as etapas, enfatizando e priorizando o seu tempo de construção do conhecimento.
As etapas deste estão descritas segundo Ana Teberosky como:

- Perturbação e desequilibração: é o momento em que a criança tem contato com uma nova informação. Para que a sua assimilação aconteça, a criança se auto questiona e também ao professor. Nesse processo a criança desconstrói algumas idéias, que segundo ela são fixas, para construir um novo conhecimento. Como resultado três hipóteses podem acontecer: a criança não assimila o novo e não se interessa pelas novas informações ou para aquele aprendizado. A segunda hipótese seria a assimilação da nova informação e a terceira, a criança não assimila a priori, mas, segue tentando até conseguir aglutinar a informação a seus conhecimentos.
Na primeira hipótese cabe ao professor despertar o interesse do aluno para aquele aprendizado. Neste sentido ele precisa desenvolver novas metodologias pedagógicas para despertar na criança o interesse pela escrita.

- Hipótese pré-silábica: É a relação entre a quantidade de letras e a quantidade de sílabas. Isto se deve porque a criança assimila cada letra com se fosse uma sílaba. Neste estágio a criança não consegue perceber a diferenciação entre escrita e leitura, ou seja, ela escreve como fala.

- Hipótese de quantidade mínima: É a percepção do número mínimo de letras que uma palavra deve ter para ser lida ou até mesmo para ter sentido completo. Nesta fase a criança já distingue as letras e sabe que certas palavras exigem um número maior de grafemas.

- Variação Interna: Esta fase do processo ocorre quando a criança conhece algumas letras, mas ainda não sabe a sua posição exata dentro da palavra para a sua construção. A variação interna ocorre em dois níveis distintos:
1º nível: a criança utiliza letras diferentes para escrever uma palavra.
2º nível: a criança utiliza as mesmas letras em seqüências diferentes para denominar um objeto.

- Hipótese silábica: Neste estágio do processo a criança necessita de novas letras, baseada nas que ela já conhece, para formar novas palavras. Os professores precisam estar atentos a esta fase, pois é nela que podemos explorar o interesse e a iniciativa da criança quanto a aprendizagem de outros grafemas.

- Valor posicional: Esta fase do aprendizado a criança já tem noção da posição que as letras ocupam dentro das palavras.
Outro ponto interessante e que também compõe a construção da escrita é a tematização. A tematização é identificada no decorrer do processo quando a criança identifica a escrita a través do contexto. Esta fase do processo também é dividida em dois momentos: no primeiro a criança identifica a escrita depois de analisar o contexto, e também consegue atribuir significados as palavras analisando o contenta na qual esta inserida. No segundo momento, a identificação das palavras é feita em um contexto fechado não dando margem a significados subjetivos.


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